Olá, Finansfera!
Li vários relatos que a finansfera está morrendo. De fato, essa necessidade de anonimato, logar em navegadores separados, VPN etc etc para comentar, por si só, já afasta muitos em realizar comentários. Tenho feito de forma anônima ultimamente.
E com essa geração de youtubers, tiktoks e outras coisas, me sinto um alienado completo. Vejo alguns vídeos de youtubers, só tem especialista vendendo curso. Todo mundo é especialista agora.
Um ou outro conseguiu patrimônio no mundo real, sinto que um monte conseguiu é no carisma, presença e público, logo, tendo público e sendo famoso, vira especialista.
Tem até biólogo falando de investimentos e criptomoedas. Piada. Não que precise de formação, mas vários saem da sua expertise e falam de outros assuntos atrás do público, do like, da visualização, ser a pseudo-celebridade.
É a massa movimentando a massa.
Prefiro ler. No jargão ridículo da vez, somos cringes.
E cringe serei.
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EDIT: Segundo informações de hoje (12/07/2021) a taxação de 15% dos FII será retirada do projeto pelo relator. Algumas considerações abaixo foram feitas em cima do projeto apresentado pelo Governo. Seguimos acompanhando.
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Esse mês de junho foi bem volátil na bolsa, aportei conforme foi caindo. Tem que ter estômago e paciência. Felizmente, já passei dessa fase de ansiedade e aguento bem o tranco.
Para quem está começando, entre com 100,00 a 1000,00 mensal, durante 1 ano, até acostumar o psicológico. Somente após esse ciclo, aí sim entre verdadeiramente em renda variável.
A volatilidade maior se deu pela aberração do projeto proposta pelo Paulo Guedes acerca da reforma tributária (tributação de lucros, dividendos e revisão do IR).
Não acreditando que um projeto péssimo igual esse saiu de um liberal, comecei a pesquisar e ler notícias e, como não podia deixar de esperar, o projeto foi feito exclusivamente pela equipe da Receita Federal.
Inaceitável isso.
Inadmissível.
Não passou pelo crive dos demais pares da equipe econômica, como a Secretaria de Desburocratização etc foi feito isoladamente pelos integrantes da Receita Federal junto com o Ministério da Fazenda.
E agora querem o discurso goela abaixo de que "não haverá aumento de impostos, apenas redistribuição".
Poupe-me, senhores.
Fico admirado e impressionado que o Ministro, assim como os integrantes da Receita estão usando o discurso de dualidade, aproveitando da polarização do país que instituiu-se ao longo da última década, induzindo a guerra e polarização ainda maior de "pobre vs rico"; "empresário vs trabalhador"; "privilegiado vs sociedade".
Absurdo.
Ainda mais na origem do projeto: a Receita Federal. O foco jamais seria desburocratizar, baixar tributos, simplificar. Vejo o projeto como maior arrecadação; maior burocratização; maior controle e mais poder para os Auditores.
Não me queixo da tributação de dividendos de sociedade anônima. O que me queixo é especialmente acerca da tributação da distribuição de lucros das empresas para os sócios (digo sociedade Ltda mesmo, do comércio, da padaria, do prestador de serviço etc). A lei poderia ter criado essa separação.
Até posso concordar com o discurso de que "todos os países do mundo tributam dividendos, menos o Brasil e Estônia", mas não concordo com a tributação do lucro, com a Receita argumentando que "PJ é uma coisa, Pessoa Física é outra e o fato gerador é diferente".
Não, não é.
Acerca dos dividendos em si, digo que até aceito e compreendo, pois, nesse fato, não há o esforço. É apenas o dinheiro aplicado, retornando. Há outros mecanismos que poderiam ser utilizados como a recompra de ações, não supre tudo, mas ok, até compreendo. MAS TAMBÉM NÃO CONCORDO de forma alguma que o cara que recebe R$ 100 ~300,00 de Dividendos ou rendimentos seja tributado. Por que então não colocou um valor de isenção?? É um desserviço à popularização da bolsa! Tem 1 milhão de CPF na bolsa e 20 milhões investindo em pirâmides!
É o brasileiro normal, com seu esforço e suor buscando uma melhora no futuro e vem o governo e CONFISCO! CONFISCO! Chega!
Não dá mais. O mesmo raciocínio é válido para a tributação de lucros.
É fácil usar o argumento que "3000 pessoas receberam 120 bilhões sem pagar tributos". Ora, então faça uma lei com muito mais distribuição e igualdade. Uma coisa é o cara que recebe 1 bilhão pagar 10% disso, pois, afinal, ainda continua com 900 milhões. Outra coisa é o cara que recebe 20~30 mil pagar 10% disso. E pior ainda, o cara que LUTOU anos e anos para receber seus 1.000,00 de dividendos e ter que pagar tributos.
É o valor da escola do filho, da mensalidade da casa, do carro.
É bastante dinheiro, concordo, mais do que muitos da sociedade.
Mas o que quero dizer é: aos bilionários, realmente é "renda", dinheiro que vem de conglomerados etc ao "empresário normal" o dinheiro vem diretamente do seu esforço, do seu trabalho. Não é renda.
O argumento de que irá reduzir a alíquota de IRPJ de 15% para 10% será suficiente para suprir a diferença, não rola e nem a isenção de "R$ 20.000,00 para ME e EPP" seria suficiente, pois o Projeto de Lei veda essa isenção quando houver parentesco até 3º grau entre os sócios. Ou seja, sociedades entre pai, irmão, tios, esposas, filhos etc não seriam beneficiados. Somente com primos em diante na linha de parentesco.
O que isso implica? Vamos imaginar uma empresa prestadora de serviços, que tem poucos insumos.
Pode ser uma clínica médica, uma clínica de fisioterapia, uma empresa de software, ou qualquer coisa que envolva prestação de serviços.
Vamos supor que essa empresa médica seja do Lucro Presumido, clínica famosa e renomada, tenha como sócios "o filho", "o pai" e "dois tios" e hoje fature com seus atendimentos e cirurgias médicas R$ 120.000,00 mensal.
Ela irá pagar no mês R$ 15.436,00 de impostos federais:
O IRPJ e o CSLL para essa atividade do exemplo presume-se uma base de lucro da ordem de 32% (15% de 32% para o IRPJ e 9% de 32% para a CSLL), por isso 38.400 na tabela acima.
O IRPJ excedente é uma aberração existente na lei que paga-se um "adicional" de 10% sobre o que exceder de 20.000,00, por isso os 18.400 (38.400,00 - 20.000,00).
Logo, do faturamento do exemplo, temos que o faturamento menos os tributos federais (R$ 120.000,00 - R$ 15.436,00), essa empresa sobrou bruto R$ 104.564,00.
Do valor, ainda teríamos impostos municipais (ISS), tributos e encargos trabalhistas (FGTS e INSS), custos como limpeza da clínica, internet, softwares, funcionários (digamos atendentes, limpeza e equipe de cirurgia como anestesista, instrumentador etc) , aluguel, vamos supor que essa clínica trabalhe com uma margem líquida de 35% do bruto, sobraria aí então 42.000,00 mensal líquido.
Um bom valor, mas para dividir entre os 4 profissionais, daria R$ 10.500,00 cada um.
Não entendo de clínica médica, mas acredito que o valor embora muito bom pensando no geral de um brasileiro, não acho justo para um médico empresário que além de toda a dor de cabeça de manutenção do seu negócio, funcionários, ainda tem toda a responsabilidade em lidar com uma vida.
Agora, vamos ver isso pela proposta do governo de que "não vai impactar" :
Ué, Precoce, mas analisando a tabela os tributos reduziram!!!
E é aí o pulo do gato. Para a Receita Federal, os tributos DA EMPRESA reduziram. Ela entende que ao distribuir o lucro para os sócios, é outro fato gerador, e portanto, deve pagar DE NOVO os impostos, então, teria mais 20% a pagar.
Do nosso exemplo acima, cada médico, sendo parente (o que não é difícil de acontecer) não teria o benefício de isenção (que foi colocado no projeto de última hora, vamos aguardar como fica a redação final, se aprovado) e ainda pagaria 20% sobre os 10.500,00 cada um, o que daria R$ 2.100,00 CADA, ou seja, 8.400,00 ao todo.
Somando-se o valor de R$ 13.516,00 com esses 8.400,00, daria R$ 21.913,00. Subtraindo-se do tributo pela lei atual (21.913,00 - 15.436,00 = R$ 6.477,00), esses médicos, considerando o todo, pagariam R$ 6.477,00 a mais de impostos.
A Receita bate no argumento de que "mas pagou porque transferiu para a pessoa física... é só deixar o dinheiro na pessoa jurídica. Temos que incentivar a geração do emprego, que essa clínica invista, cresça".
Balela.
Nesse exemplo que usei, e está cheio de pessoas nessas condições nas mais variadas categorias, a tributação vai, sim, aumentar. No mundo real, senão for empresa muito grande, muito estruturada, não existe essa separação de "o dinheiro é lucro da empresa, o dinheiro é meu agora".
O "empresário" vê uma casa, compra e transfere como lucro da empresa e pronto. Não existe reuniões e assembleias para discussão ou distribuição. Só existe em S/A ou empresas realmente grandes e estruturadas.
Esses empresários já pagaram e vão pagar de novo. No caso, a renda desses médicos reduziu algo próximo de 15%. Teriam que aumentar a receita da clínica, mas veja, não se trata de um serviço "escalável" (como quase todos os prestadores de serviços).
Não basta aumentar a produção, não basta mudar um equipamento e ganhar em performance. É impossível isso, já que o trabalho é feito diretamente pelos médicos e limitado ao seu tempo.
Sacrificarão mais ainda sua vida, em prol da receita, pois, como disse, para alguém que ganhe 10 mil ou 20 mil, pagar 1000 ou 2000 extra, afetará diretamente sua qualidade de vida.
Mas a Receita alega que a empresa jamais repassará isso ao consumidor final, pois a tributação é para a pessoa física, não para a empresa.
Sério?
Eu devo ser burro demais.
Muito.
E isso é só um dos exemplos. O projeto de lei possui outros complicadores e dificuldades impostas, que darão força, bem verdade, mais poder à Receita Federal e menos força aos empresários.
Em um momento que por um lado se divulga "recorde de arrecadação" e do outro lado entrando em uma era pós-covid que precisa incentivar investimentos e crescimento, uma medida dessa, para mim, é um tiro no pé.
Sempre tenho a impressão que o Ministro trabalha com vontade de criar desgraça para aumentar o lucro ou oportunidades de investimentos de seus pares.
É complicado.
Como falei, é válido, sim, reformas. É válido, sim, tributar dividendos e, talvez, até o lucro, mas que seja de uma forma lógica e de quem realmente não terá impacto relevante em sua vida. Mas não compreendo como válido fazer isso na atual conjuntura do país e, muito menos, sem que haja efetivos cortes de despesas do Governo Federal.
Ora, é necessário pela Lei de Responsabilidade Fiscal sempre trabalhar no equilíbrio, não pode haver aumento ou redução de tributos sem a compensação do outro lado. Então porque não se cria uma reforma tributária verdadeira, de longo prazo, paulatina e escalável, juntamente com reformas que tragam reais medidas de redução de despesa?
O certo é reduzir despesa e reduzir tributos. Não manter ou aumentar despesas e criar manobras de reequilibrar nos tributos.
Alguém pagará a conta, e, como sempre, vai ser a classe média verdadeira:
- O trabalhador que poupou e investiu em ações;
- O pequeno empresário que luta para tirar mais do que um salário "normal do mercado";
Afinal, para que ter dor de cabeça com funcionários e tudo o mais de empresas? Melhor ser "nine to five".
Em um país em que Senado Federal compra cadeiras Rei Luís XV por R$ 500.000,00 e o Supremo Tribunal Federal compra vinhos com 4 premiações internacionais, com dinheiro público, não posso concordar.
O Ministro ameaça: "senão aprovar, me retirarei do governo". Então, vá-se embora.
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Quem ler, deve pensar: "ahh só critica porque vai pagar mais impostos, é empresário opressor". Mas não acho que ninguém deve pagar mais tributos. Acredito que estamos no limite.
Aos trabalhadores, deve-se aumentar a faixa de isenção, sim.
Aos empresários, deve-se retirar uma série de truculências legais, burocracias e reduzir tributos.
É essencial uma reforma de redução de custos e inversão lenta tributária.
Tem que desafogar o consumo!
Tem que incentivar o brasileiro a investir! Mas não, vai tributar igualmente o cara que recebe R$ 100,00 de dividendos da mesma forma que o Luis Barsi! Belo projeto, Brasil!
O país precisa de uma reforma completa, de todas as searas, um projeto Brasil 2050. Uma reforma que perdura durante décadas, que ano a ano vai escalonando rumo a corte de despesas, aumento de receitas com ganho de produtividade (e não canetada) e mudança cultural.
Engraçado que no passado, a Coroa Portuguesa instituiu o tributo QUINTO sobre o ouro, que pagava-se um quinto de metal extraído à coroa, ou seja, 20%. Daí surgiu a expressão QUINTO DOS INFERNOS.
Veja: Tiradentes foi enforcado ao reclamar de pagar METADE do que pagamos hoje!
O que é isso? Cadê o protesto? Cadê as críticas!!!! Sempre que discuto o assunto, me sinto uma voz vazia, um perdido no limbo!!
O Estado deve cobrar tributos apenas para manter o mínimo do ensino, saúde, moeda e segurança. Por que temos que ser CONFISCADOS, mais do que A COROA PORTUGUESA levava, para manter essa máquina suja brasileira? E falo geral, independentemente de partido.
Feito meu desabafo e insatisfação, não há nada que eu possa fazer, só me resta continuar trabalhando. Nem ser candidato a deputado eu conseguiria, pois seria uma voz vazia e perdida ou assassinado.
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Esse mês somando aportes de renda fixa e não recorrentes que entrou, devo ter aportado algo na faixa de 100.000 - 120.000,00. Um dos meus recordes.
Embora seja de julho, vou deixar apenas a menção que logo no início (01/07/2021) vendi minhas ações da Hering (HGTX3).
A Hering foi comprada pela SOMA. Como não gosto da empresa e vai ser um rolo danado depois em IR, resolvi vender com lucro.
Excelente análise Precoce,
ResponderExcluirapareça mais por aqui, pois continuamos acompanhando sua jornada!
Obrigado, Pequeno Investidor!
ExcluirVou tentar postar os fechamentos mensais no período correto e ver se monto orçamento novamente
Olá, I.P!
ResponderExcluirEstava lendo sua história no início do blog e achei muito bacana suas atitudes. Ainda não consegui ler tudo, mas será um prazer acompanhar sua jornada por aqui.
"No jargão ridículo da vez, somos cringes"
Fui dar uma olhadinha no significado de cringe e acabei descobrindo que sou cringe também 🤣. É cada uma que inventam 😂.
Sobre a proposta de reforma tributária, os fundos imobiliários vão seguir com dividendos isentos, segundo o relator. Mas como você descreveu acima, ainda precisa melhorar muito.
Sucesso e um abraço
Obrigado pela visita, PeC!
ExcluirDescobri esses dias do cringe também, cada coisa mesmo... haahah
Quanto à reforma tributária, no dia que escrevi o post ainda não havia sido entregue a análise do relator.
Do que li agora do relatório inicial, houve a proposta com isenção dos FII; redução dos IRPJ para 2,5% equilibrando os 20% dos lucros e dividendos. Por outro lado, a isenção dos lucros para até 20.000,00 reduziria para 2.500,00, o que tornaria até mais oneroso na ponta do lápis do que a mudança do Paulo Guedes.
Vou acompanhando a tramitação até o texto final, se vier a ser aprovado. Abraços!
Fala IP!
ResponderExcluirParabéns pela riqueza de argumentos técnicos no post, nem sei por onde comentar, mas digo que; nosso país precisa melhor muito ainda, pois pagamos(impostos e todo amontoado de taxinhas que existem) por um dos governos mais caros do mundo, mas recebemos um dos mais ineficientes possível... e isso é muito triste.
E, falando em coisa boa, belo fechamento, só seguir o plano.
Abraços.
Obrigado pela visita, One!
ExcluirRealmente, aqui paga-se duas vezes: uma para o governo e outra particular.
E o "custo" do Estado cada vez maior. Complicado.
Abraços!